Dia da Mulher: O que as Plantas de Interior nos ensinam
Este ano, marcámos o Dia da Mulher com uma campanha curae x aavoveiotrabalhar onde 10 Mulheres expressaram o seguinte Manifesto Curae:
NAS PLANTAS ME VI
Temos conquistado tanto juntas, nós Mulheres,
e o quanto até agora nos temos feito ouvir
não é suficiente para honrarmos as nossas imperfeições.
Porque demos tanto nesta luta, chegou a altura de nos darmos a nós próprias.
A vida mete-se pelo caminho,
E tantas vezes esquecemos,
Que duas coisas coisas devemos: ser quem e o que quisermos
Honrando cada imperfeição perfeita.
Penso, sempre que cuido e olho, as plantas que no meu espaço me rodeiam;
Eram perfeitas… e na a minha presença, ganharam outras cores, outros feitios, algumas deformações
– pelo menos assim o penso;
Será que continuariam bonitas,
Se não tivessem chegado até mim?
Às vezes é mais fácil dizer: não tenho jeito para cuidar
No lugar de olhar para a Natureza como ela é.
Nem sempre é fácil aceitar que o imperfeito faz parte
Num mundo em que o perfeito parece a norma.
Mas de há um tempo para cá tenho ganho outra consciência,
Já lá vai o tempo em que não questionava, que não tinha para dizer.
Agora, olho para mim, como olho essa Natureza.
Imperfeita, digo que sou bonita e forte.
Afinal, Tu não vais determinar a minha vida. Eu vou
Hoje vejo como na Natureza não há julgamento, comparação, certo ou errado.
Vejo como a Natureza é Mulher, a única capaz de gerar vida.
Então, procuro deixar de julgar a natureza que me rodeia, e a que a mim me dá forma.
Escolho cultivar, aceitar e honrar as imperfeições.
Nas plantas me vi.
E reparei nas folhas por vezes envelhecidas,
Nas pragas, nos caules enfraquecidos,
E como dão forma a novos ciclos.
Reparei nos rebentos – confesso, passavam-me despercebidos,
Reparei no verde que ainda existia, mesmo nos momentos mais difíceis.
E senti-me viva.
Nas plantas, encontro-me em mim.
No seu cuidado, por vezes descuidado,
Aprendi a honrar as imperfeições da minha natureza.
Afinal, as plantas e as Mulheres não são tão diferentes.
As minhas plantas têm qualidades únicas, como eu,
Que as tornam bonitas, como eu,
E provavelmente esta marca que levo no rosto,
Que nem sempre olhei com amor,
É o que me faz mais eu.
Como mulher, hoje escolho honrar as minhas imperfeições,
Cuidar e encontrar nelas o que me torna especial.
Cuidar é o nosso superpoder.
E quando me esquecer de o fazer, tenho as minhas plantas para me recordar.
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Eu, Sofia, deixei também uma carta pessoal neste dia, a todas as Mulheres - seres de luz:
Que dia bom este, dia de relembrar porque todos os dias devemos celebrar as Mulheres.
Foi isso que procurámos fazer nos últimos dias, celebrar a Natureza de várias Mulheres, que representam tantas outras. Que sorte temos em ser Mulher.
Nem sempre me senti sortuda por ser Mulher.
Autoexigente desde que me lembro, sempre desafiei o percurso esperado.
Almejei a independência, a liberdade e seguir o meu próprio caminho. Sentia-me muitas vezes desintegrada do contexto que me rodeava e, de certa forma, de mim mesma. Sentia-me contra corrente, inconformada.
Quase parece romântico quando vemos uma Mulher sair da norma.
Olhamos para as Mulheres que se afirmam líderes como empoderadas e esquecemo-nos da outra face da moeda. A minha história deve ser comum a muitas de nós, porém eu fui “empurrada” para o caminho que me coloca hoje aqui, onde me encontro.
A vida deu-me um abanão e convidou-me à dança mais bonita: encontrar o equilíbrio entre o meu drive, a minha consciência, meu lado mais masculino e a minha energia feminina adormecida. Uma energia divina.
A nossa sociedade ensinou-nos masculinas e racionais, a viver despojadas do nosso corpo, fez-nos criar crenças que nos limitam quando nos damos o prazer de sermos quem queremos ser.
Há 10 anos que procuro criar um espaço saudável de amor próprio e autodescoberta constante – que por vezes dói mas transforma profundamente a cada progresso. Procuro criar espaço para Ser.
Neste caminho de uma década, que tantas vezes me pareceu solitário, descobri que nós Mulheres temos uma só voz.
Como tantas Mulheres, é no meu lado mais feminino que encontro a paz e o prazer de Ser quem sou. Que me cuido e renasço. Que encontro a alegria de viver.
E isto é motivo para celebrar.
Na curae criei mais um espaço para o fazer, um lugar para todos nós, não apenas para as Mulheres em exclusivo, mas que procura um equilíbrio que nem sempre existe na sociedade. Onde aceitamos as diferenças e as abraçamos.
Um espaço de coragem, luz e abundância - que tem corpo em mim, Mulher, e se extende além dos 60m2 de plantas em Alcântara. Onde a alma, corpo e coração se alinham e a energia do feminino se faz sentir, para todos os seres que aqui habitam.
Aqui Cuidamos, Somos Natureza, Somos Mulheres. Nós e Eles. Perfeitamente Imperfeitos.
"Sou Mais Eu" há 10 anos e, a todas as Mulheres, vamos todas juntas sempre ser mais nós.
Obrigada por me inspirarem todos os dias, que orgulho tenho em ser Mulher.